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Advocacia especializada em ser humano (26/07/2019)

Hoje, gostaria de falar um pouco mais a respeito da advocacia. A advocacia é uma profissão muito antiga. Desde Roma, já havia advogados. Cícero foi um dos mais renomados e ilustre advogado. Além de seu conhecimento jurídico, destacou-se pelo entendimento do cidadão frente às arbitrariedades do poder.

O direito, assim como a advocacia, também é antigo. Etimologicamente, a palavra advogado vem do vocábulo latim ad vocatus. Com a palavra. Exercer a advocacia é, sobretudo, ter a palavra como ponto de combate, ponto de esclarecimento e ponto de justiça.

Nem sempre falar é estar com a palavra. Estar com a palavra significa ouvir, meditar, raciocinar e agir. É um processo e não um simples ato. A palavra é fruto do homem, criada pelo homem e usada pelo homem. Portanto, a palavra é naturalmente humana, e, estar com a palavra, é antes de tudo ser humano. E ser humano não tem sido fácil na correria do dia a dia, nos noticiários e naquilo que se tem visto ultimamente.

Lapidar esta humanidade exige experiência e tempo. E não falo do tempo exatamente contado em anos ou décadas. Falo de um tempo de cada um. Advogar e ser humano são coisas diferentes. São círculos com alguns pontos de intersecção. Ser humano não é só para quem tem a Ordem. É um exercício diário. Estar no fronte todos os dias. Não se deixar abater por indeferimentos, burocracia e assoberbamento de processos. É antes confiar no trabalho de cada dia, nesse processo que é ser humano.

Por mais que nós advogados saibamos a lei, que estudemos os livros, que frequentemos palestras, congressos e aulas, a advocacia e a humanidade têm se mostrado para aqueles que lidam diretamente com problemas reais, disputas, patrimônio, rinhas para não dizer mais. É uma profissão naturalmente conflituosa, onde as pessoas já entram armadas de sentimentos, de preconceitos, de ressentimentos, de cansaço, de emoção, de paixões e outras tantas cargas psicossomáticas.

Cabe, muitas vezes, ao advogado filtrar o que realmente importa. Escutar ativamente. Perceber, raciocinar e muitas vezes entender o que está escondido, a causa das aflições humanas.

Nem sempre a citação de um parágrafo ou a transcrição de um artigo resolverá o contexto situacional e problemático. Às vezes, somente a escuta é o passo para resolução.

O advogado precisa entender que não está sempre no controle, muito embora algumas vezes o esteja. Estar com a palavra não significa falar e resolver. Mas saber usá-la, se e quando necessário. A comunicação nem sempre é verbal. Um olhar vale mais que mil palavras.

Então, às vezes me pergunto se esta noção está clara. Se estas percepções estão certas. Acredito que sim. É o que venho percebendo. Afinal, advogar é muito mais que imaginamos: é luta, é vitória, é derrota, é se levantar, pedir ajuda, ser humilde, não se abater, fugir, voltar. É mais sobre ser humano que sobre técnica. A técnica ajuda muito. O estudo também. Como diria Piero Calamandrei, a poesia sempre vence os códigos.

Mas antes, há de ser humano, e reconhecer-se em outro ser humano, seja no cliente, na parte contrária, no juiz, no servidor, nas pessoas em geral.

André Furtado de Oliveira

André Furtado de Oliveira Sociedade Individual de Advocacia
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